Wednesday, May 2, 2007

A looooong day

Hoje, 2 meses depois de ter chegado à Suécia, tinha chegado à altura de mudar de casa. Pedi para mudar pouco depois de ter chegado para um sítio mais próximo da cidade e do lab e disseram-me que podia mudar em Maio para Lappis (que é onde os estudantes querem todos estar pois é a Party Central daqui). É incrível a tralha que se consegue acumulhar em apenas 2 meses e por isso mudar não era tarefa fácil, principalmente quando tinha de entregar as chaves ao mesmo tempo que recebia as novas e tinha uma reunião no lab por isso não podia faltar ao trabalho. Mas não sabia que um dia podia ser tão longo...
Pois bem acordei cedo para acabar de enfiar as cenas dentro da mala (mesmo à tuga) e apesar de já ter deixado muita coisa em casa do João em Lappis, ainda tinha um peso enorme para carregar comigo todo o dia. Imaginam carregar uma mochila de campismo enorme, mais a do portátil, mais dois sacos grandes durante hora e meia até chegar ao emprego mudando diversas vezes de transportes. Era super difícil levantar-me depois de me ter sentado com este peso e alguma gente olhava para mim mesmo naquela:"Será que ele vai conseguir??!!". Alta figura e coitadas das minhas costas. Lá consegui chegar (completamente exausto claro) e fui falar com a minha supervisora para mostrar resultados dos dias anteriores em que não a tinha visto e para ver o que fazia hoje. Pois bem ela queria correr uma sequência enorme de testes antes da reunião à tarde. Lá me perguntou se achava que dava tempo. Eu feito parvo não quis dizer que não. Tinha de correr uma experiência com imensas amostras, ir devolver/buscar as chaves às 13h (num sítio que n é bem ao lado do lab), tinha reunião das 14 às 16h, limpar a cozinha do lab e manter tudo impecável pois é a minha kitchen week e tratar os dados das experiências dos últimos dias. Inferno. Nem tive tempo para almoçar (só consegui comer às 19h). Para ajudar quando fui buscar a chave tive uma bela surpresa:
-"Ah a pessoa que vai sair do seu quarto ainda não devolveu as chaves. Não tenho chaves para lhe entregar. Podia ficar ai à espera por uns tempos e eu vejo se consigo resolver?"
-"Hum. Tenho uma reunião às 14h."
"Pois então não dá realmente. Eu posso mandar um mail se receber a chave no horário de funcionamento e você pode vir buscar." (o Horário de funcionamento é das 13 Às 15h por isso estava mesmo a ver que não ia dar para ir buscar coisa nenhuma estando eu numa reunião)
Claro que também não recebi mail nenhum. Ou seja fiquei basicamente desalojado por uma noite (espero que seja só uma).
Felizmente há pessoas muito fixes e tenho onde ficar. Também tive alguma ajuda a carregar as coisas no percurso final para Lappis pois encontrei portugueses que eu conheço e claro ajudaram-me a carregar com as coisas.
Apesar disto tudo tive calmíssimo o dia todo e até me ria a contar a história no lab a quem perguntava como ia a mudança.

Wednesday, April 18, 2007

Back to Stockholm

Ora bem. Outra ausência prolongada do blog mas com uma óptima desculpa. Não estive perto de nenhum pc. Porquê?? Estive numa road trip pela Finlândia e Rússia.
Fui com um grupo de exchange students que estão pela Dinamarca e Suécia que se reuniram através de uma agência finlandesa que organiza diversas destas viagens. Éramos 150 no total, portanto podem imaginar a variedade de países representados: Portugal (éramos 2), Espanha, Itália, Bélgica, Alemanha, Austrália, USA, Canadá, Dinamarca, Escócia, Irlanda, etc. Óptima oportunidade para conviver com todas estas culturas já para não falar da bastante sui generis cultura russa. Claro que adorei até porque foi uma festa constante. Cheguei hoje de manhã e fui directamente para o lab trabalhar por isso estou demasiado cansado para relatar a viagem mas prometo que farei um breve resumo mais tarde.

До свидaния (Do svidanya)

Friday, March 30, 2007

Ser ou não ser "frio"? Eis a questão.

Quis esperar pelo menos um mês até fazer este post para ter material suficiente para avaliar sem precipitações. Por Portugal a descrição mais comum que se faz da gente do Norte é que são "frios". Acho que praticamente todos já ouviram isto mas a questão é "frios" em que aspecto exactamente. São antipáticos? Não exprimem emoções? Não mostram preocupação pelo próximo? Pois nenhuma destas perguntas merece resposta afirmativa mas talvez a última ainda leve as pessoas a hesitar ligeiramente.
A verdade é que os próprios suecos afirmam que têm um defeito (vá não é defeito, é feitio) que é o facto das pessoas terem de se esforçar verdadeiramente se querem fazer contacto com eles. O que é que isto quer dizer? Pois bem talvez seja melhor com exemplos concretos. Imaginem um estrangeiro num grupo de suecos. Apesar da extrema facilidade que todos eles têm em comunicar em inglês, é bastante comum que falem em sueco ignorando por completo as pessoas que ficam à parte. Na verdade se a pessoa não fizer mm um esforço para entrar na conversa (que por vezes é difícil dado que nem percebe o tópico) eles agem como se o estrangeiro fosse invisível. No entanto a partir do momento que consegues dizer qq coisa em inglês eles naturalmente e sem esforço mudam a linguagem e englobam a pessoa. Mas mesmo assim é preciso continuar a fazer o esforço pois se a participação no tópico não é activa, rapidamente voltam ao sueco e o estrangeiro à estaca zero.
Principalmente para os latinos pode, à primeira vista, parecer que simplesmente não são pessoas simpáticas mas digo-vos que não tem nada que ver com o caso. Está sim relacionado a cultura do país. Os latinos por norma querem fazer conversa constantemente e quando estão na presença de um "outsider" têm a gentileza de chamar para dentro da conversa. Ou seja é o grupo que dá o primeiro passo para a eventual entrada do novo indivíduo, oportunidade essa que ele aproveitará ou não. Para os suecos é o indivíduo que terá de dar o primeiro passo. Acho que muitos latinos têm noção que a maior barreira ao contacto entre eles e outro povo é o baixo nível geral de inglês da população e como tal não percebe como alguém que não tem esse problema não elabora esse contacto por iniciativa própria. Mas apesar do primeiro contacto ser usualmente difícil quando se passa a barreira inicial são super simpáticos. No entanto é uma luta constante que se vai tornando mais fácil com a habituação.
Outro exemplo é o auxílio a alguém. Uma pessoa pode claramente estar com um problema, dúvida, mau estar, etc, mas a não ser que peça explicitamente ajuda, ninguém a irá auxiliar, no entanto quando se pede um favor são regra geral altamente prestáveis. É também típico dos povos latinos oferecerem ajuda se tiverem a disponibilidade para tal quando vêm que alguém poderá ter uma dificuldade. Relativamente aos nórdicos, acho que eles reconhecem a eventual dificuldade mas acham inadequado abordar a pessoa em apuros (excepto em casos extremos claro).
Existem ainda uns suecos que designaremos de "nórdico latinos" que não são nada assim e falam com toda a gente desde o início tal como os latinos. Praticamente todos estes nórdicos viveram pelo menos um ano num país latino (e.g. Portugal, países diversos da América do sul, etc)
Basicamente resume-se a diferenças culturais e não particularmente à simpatia geral da população. Pelo menos por enquanto esta é a minha opinião. Talvez outras pessoas tenham outros inputs. Meninas nórdicas espero os vossos pensamentos sobre a questão.

E já passou o 1º mês...

Sei que não tenho feito muitos posts ultimamente (e já ouvi bastantes raspanetes por isso) mas a verdade é que o motivo é bom: tenho andado super ocupado e a divertir-me entre muitas festas, algum trabalho e (poucas) lides domésticas. Enfim tenho aproveitando tudo ao máximo. O problema é que tenho andado exausto com isto e muitas vezes não tenho força de vontade para vir para o pc à noite e escrever posts (isto quando não me arranjam planos para sair e eu claro não digo que não).
E com isto hoje faz um mês que cheguei à Suécia. Parece incrível. Nem sei dizer se o mês passou rápido ou não. Por um lado quando digo a alguém há quanto tempo estou aqui é bastante usual enganar-me e dizer uma semana a menos da realidade, por outro lado há uns dias a caminho para casa apercebi-me que já começo a encarar o ambiente de Estocolmo não como um sítio novo e estranho mas como algo familiar e acolhedor. Como se esta fosse realmente a "minha cidade". Não consigo explicar bem mas claramente a sensação interna de estar só de visita e não a viver já não existe.

Mas atenção: isto não quer dizer que não continue a torcer o nariz a alguns hábitos suecos e que não continue a fazer figura de otário por não saber ler as indicações na rua, lojas, restaurantes, laboratório, etc.

Friday, March 16, 2007

O lab

Falando do laboratório. O sítio onde trabalho é bastante agradável. O edifício é super engraçado. Vejam pela foto:
Podem ver na foto uma ponte que liga logo ao 5º piso. Parece que estamos a entrar num castelo. No topo pode-se ver um telescópio (o edifício é partilhado com o departamento de física) embora a minha supervisora explicou-me que devido à luminosidade da zona ele não serve para investigação (devem ter rios de dinheiro para gastar aqui). O edifício é tão bonito e calmo que os alunos estudam nas mesas dos atriums e corredores, já para não falar que têm a cantina que é muito boa (tipo restaurante mesmo) e relativamente barata (cerca de 5,5 euros).

Dentro do lab vive-se um ambiente bastante relax. Conheci quase todos no 1º dia mas não decorei nomes (ser apresentado a umas 40 pessoas de seguida todas com nomes que não conseguia soletrar faz isso). A grande maioria dos investigadores deve andar na casa dos 20s/30s por isso é um grupo bastante jovem. Isto reflecte-se na roupa casual a usar no trabalho (calças largas e T-shirt é bastante comum; camisas muuuuuuito raras), nas conversas e também na música moderna e mexida constante que anda pelo lab (pq existem aparelhagens em diversas zonas do laboratório e a minha é de longe a mais mexida). É um laboratório bastante internacional (com italianos, espanhóis, chineses, alemães entre outros).
As pessoas com quem trabalho aqui também são muito simpáticas. As reuniões são bastante informais embora se fale de coisas sérias (até asneiras se ouvem lol). O ambiente entre todos é tão descontraído que constantemente se ouvem gargalhadas e conversas animadas pelos corredores. Bom sítio para trabalhar realmente.
O próprio lab é um espanto: muitíssimo bem equipado, com gabinetes bem iluminados (com paredes de vidro), cozinha e sala de refeições e diversas zonas com laboratórios na parte de dentro do edifício onde há de tudo. O sítio é tão grande que mesmo ao fim de duas semanas a vaguear pelos corredores posso dizer que ainda não explorei tudo.
Claro que tenho de ter o meu próprio cartão magnético para entrar (não estivesse eu em Estocolmo), aliás eu acho que vou começar a fazer colecção de dispositivos magnéticos para abrir portas (já vou em 4).

Sunday, March 11, 2007

A residência

Bem depois da descrição da outra vez tenho de dar boas notícias para compensar.
Lembram-se de ter falado que achava que era preciso código para entrar. Pois é, no dia seguinte quando estava a entrar no prédio durante o dia fez-se luz na minha cabeça. Aquilo que de noite não conseguia ver bem e tinha assumido que era a ranhura para passar um cartão (à semelhança de todos os outros sistemas de código nos prédios em Estocolmo) estava coberto com borracha e tinha um símbolo de ondas a sair de um ponto do género do símbolo de rede wireless. Somei dois mais dois e olhei para o porta-chaves e realmente por dentro tem algo de metal do tamanho de uma moeda. Passando o porta-chaves em frente do sistema de código a porta abre automaticamente. Ok não era difícil mas sem a luminosidade do dia para ver o símbolo de wireless não teria chegado lá.
Quanto ao estado da cozinha (que acreditem que a foto não fez justiça), já está muito melhor. A pessoa com quem divido a cozinha é um alemão (chama-se Holger) e nem sabia que tinha um inquilino novo ao lado. É bastante simpático embora um pouco recatado. Normalmente nem se dá por ele excepto quando toca o fagote (ele está em duas orquestras) e quando se parte a rir a ver TV (é fã incondicional de programas como o Dança comigo e ídolos). Parece que ele evitava ao máximo o rapaz grego que estava antes e isso incluía a cozinha e as nojices que o outro fazia. O grego não limpava nada, sujava tudo, cozinhava e fumava com tudo fechado deixando um cheiro enorme e qualquer reclamação do Holger para que ele abrisse a janela qd fumava ou cozinhava (o que já era mt permissivo dado que aqui n se fuma dentro dos edifícios e ponto final) resultava num: “fecha a porta do teu quarto”. Quando se foi embora o grego aproveitou e roubou umas cenas incluindo utensílios de cozinha (nos quais uma faca boa do Holger) e um colchão que era suposto eu ter no meu quarto para visitas e em troca deixou alimentos estragados. Para além disso não imaginam as coisas estranhas que tenho afixadas no meu quarto, tais como recortes de jornais que o meu parco sueco indica que sejam a relatar rusgas da policia a zonas de prostituição e bordéis, diversos cartões de bares de strip, etc. Também tenho coisas mais úteis como sejam mapas e horários de autocarros mas isso o Holger disse-me que era do tipo que estava antes do grego. Não sei se foi por ter mandado logo a dica de como é que ele suportava viver assim, mas na verdade o alemão tem sido super asseado lol.
Quanto ao resto, parece que é uma guerra no fds para a lavandaria desde que há dois meses aboliram o sistema de reserva das máquinas, isto porque a grande maioria dos habitantes não são estudantes e trabalham durante a semana tal como eu. O Holger avisou-me logo que ia ser complicado para mim conseguir uma brecha para lavar as minhas coisas. O mais chato deste sítio é ser ainda longe de Estocolmo e demorar hora e meia a chegar ao trabalho.

Thursday, March 1, 2007

1º dia - parte II (a residência)

Pois bem a residência não é bem ali ao lado e demoramos ainda algum tempo. Perdemo-nos um pc no caminho mas lá se foi pedindo indicações a diversas pessoas. As raparigas começaram logo a comentar que as pessoas em redor eram um pouco estranhas e nunca mais davamos com a residência. Carregando 30 kgs e estando sempre a subir e descer rampas que estavam cobertas de gelo as rodas da mala não serviam de muito e já estava a morrer com o esforço. Elas próprias mesmo estando mais leves já estavam cansadas mas ao fim de algum tempo lá gritamos vitória. Ou não... Dentro da residência também estivemos perdidos para tentar encontrar o quarto. Ao fim de muitas voltas lá demos com ele mas ao abrir eis nova surpresa. Não imaginam o cheiro nauseabundo a mofo que vinha. Abre-se a porta e tem uma cozinha que liga a uma casa de banho e duas portas uma delas que era o meu quarto. Ou seja partilho a cozinha e a casa de banho. Elas ficaram ainda mais escandalisadas do que eu ao olhar pa cozinha. Não dá para descrever por isso aqui vai uma imagem que vale mil palavras:

(Sim, aquilo é carne num copo e com bolor. Mas quem é que vive assim???). Tiveram tanta pena de mim que até disseram que se quisesse só hj podia dormir no quarto da Susanna (que tb é um quarto pequeno) e ela pedia pa dormir em casa de um amigo. Como o quarto não tinha mt mau aspecto (era só mesmo a cozinha) aguenta-se. Deixou-se as coisas e voltamos pa cidade de bus e comboio. Aqui a Ronja despediu-se que tinha um jantar e fiquei só com a Susanna. Fim de tarde e noite agradável em que conheci a universidade (juntamente com uns amigos da Susanna que ao saberem do alojamento até ajudaram a procurar alternativas para tentar mudar de sítio). E depois fomos jantar e tomar um copo (que com o cansaço se transformou foi num balde de café). Aqui despedimo-nos e agora era pôr em prática o que tinha aprendido e voltar pa residência sozinho. Ora a parte dos transportes ainda correu bem apesar de demorar novamente séculos o problema é que mais uma vez não tava a conseguir achar o caminho certo pa residência. Para ajudar era noite escura, com o chão super escorregadio e um nevoeiro enorme. E eu ali sozinho, perfeito. Bem como não via vivalma na rua àquela hora, lá andei às voltas até encontrar o sítio. Demorei mas consegui. Aqui pensei: "Finalmente vou dormir". Mas não. Ao tentar entrar no prédio deparei-me com a seguinte situação que não tinha reparado antes pq entramos ao mm tempo que outras pessoas e não tivemos de abrir a porta. Ora bem o prédio não abria com a chave mas sim com código. Ok era a parte que eu não tinha código. Olhei em volta: ninguém. BOLAS. Pronto lá olhei pa chave e tinha diversos números. Tentei mas claro que não tive sucesso. Dei uma volta ao prédio pa ver se encontrava outra entrada. NADA. Que desespero. Até que pensei: "era óptimo que conseguisse apanhar um bacano a entrar no prédio a esta hora (meia noite). Alguém ouviu-me pq qd acabei de dar a volta tava um tipo cá fora que tinha vindo fumar (graças a Deus por existirem fumadores). Ora pus-me atrás dele e entrei no prédio. GRANDA SORTE."Finalmente tá a acabar o dia" pensei. Mas mais uma vez estava errado. Cheguei ao meu quarto entrei e vi que a minha esperança que a bagunça que tava na cozinha tivesse sido deixada por um inquilino anterior que já tivesse bazado há muito tempo era inútil. Tavam umas botas que não estavam antes. Alguém vivia ali realmente. Mas este não era o problema maior. Não consegui abrir a porta do meu quarto. TÃO A GOZAR COMIGO. Tive uns bons 15 min a tentar de todas as maneiras. Até voltei a abrir a porta do corredor com a chave pa ver como abria para imitar. Tão próximo do objectivo final e ia falhar. Ai não: Eu sou teimoso e não desisto. Com mais um pc de força consegui abrir (a fechadura do quarto empanca mt :S. Já aconteceu mais 2 vezes mas comigo dentro do quarto).
Agora sim: ALELUIA. VITÓRIA. Perdi o sono com esta adrenalina toda e resolvi fazer um post aqui pa desabafar. Vou finalmente dormir.
Até novas notícias.